Uma coisa interessante e ao mesmo tempo contraditória para desenvolvedores Windows: os aplicativos criados em Visual Basic 6 continuarão sendo suportados no Windows 8.
Isso dá cerca de 24 anos de suporte incluindo o tempo útil do Windows
8, considerando que o VB 6 é de 1998. Em contrapartida, o .NET Framework
1.0 (de 2002) já não era suportado oficialmente no Windows 7 (de
2009!).
O Visual Basic 6 proporcionou a entrada de muita gente no mundo da
programação, por sua simplicidade e relativa eficiência. Era bem mais
rápido desenvolver algo com ele do que em C++, tanto no aprendizado da
linguagem como na hora de colocar o projeto em prática. Embora limitado,
ele fez sucesso. Quem precisava de algo mais avançado tinha que partir
para outras linguagens. Recursos que ele não tinha foram sendo
adicionados nos novos frameworks depois, como threads, herança,
operações em background, etc.
Assim como no caso do .NET Framework, os aplicativos em VB6 dependiam
de algumas DLLs. Elas que facilitavam o desenvolvimento, criando
camadas de abstração nos recursos do Windows, entregando APIs e funções
prontas mais simples para os desenvolvedores. Era muito comum baixar um
programinha da internet (com poucos KB) e precisar baixar em seguida um
pacote com as DLLs dele (especialmente na primeira vez, claro). Hoje em
dia isso ocorre com o .NET. É terrível instalar vários programas atuais
no Windows XP, por exemplo, dada a quantidade de coisas extras a serem
instaladas - especialmente com internet lenta.
O .NET Framework tentou fazer o que o VB fazia de forma mais
elegante, mas acabou sendo um desastre na prática, pelo menos ao se
considerar o tempo de suporte. Eu tenho dificuldades em rodar programas
antigos que não são mais atualizados no Windows 7 ou 8. Por exemplo, o
Turbo Delphi de 2006. Ele não tem nada a ver com o .NET, exceto pelo
fato da IDE e alguns outros componentes terem sido desenvolvidos com
recursos do .NET. Preciso passar por um chato aviso de
incompatibilidade. Alguns programas são piores ainda, já que dificultam
até mesmo a instalação nas novas versões do Windows. Ao apostar no
desenvolvimento em .NET é necessário ter em mente que o suporte ao
aplicativo no Windows não será "para sempre", ficando restrito a algumas
versões futuras.
Em contrapartida, quando se desenvolve código nativo o programa vai longe que é uma beleza. Um clássico exemplo é o Inno Setup, um gerador de programas de instalação.
Até relativamente pouco tempo ele era desenvolvido em Delphi 2,
funcionando do Windows 95 e NT 4 ao 7 (ou mesmo o 8). Usando as APIs
certas não era necessário nenhum framework de suporte limitado a poucas
versões do Windows. Depois ele mudou para uma versão mais atual do
Delphi para aproveitar suporte a unicode; junto com outras alterações
ele passou a suportar apenas do Windows 2000 para cima. Ainda assim é
algo muito bom. Se ele tivesse usado o .NET Framework 1.0 por exemplo,
poderia enfrentar problemas no Windows 7 ou 8, deixando seus
desenvolvedores e usuários/clientes a ver navios.
Aos entusiastas e defensores do .NET, por mais que o recurso seja útil e fácil, não dá para negar que trouxe muitos problemas para os usuários
com os aplicativos não mais suportados nas novas versões do Windows. Se
fossem aplicativos nativos esses problemas não existiriam, ou seriam
bem menores (em raros casos de uso de APIs específicas ou realmente
obsoletas).
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