A Microsoft pode ou não ter a capacidade de escutar ligações feitas
via Skype, mas a empresa simplesmente não vai falar nada sobre o
assunto, e não está claro o porquê. Ao ser perguntada se pode
interceptar chamadas criptografadas feitas pelo serviço de voz e vídeo
peer-to-peer, a empresa diz que tenta ajudar com escutas legais tanto
quanto pode, mas não vai dizer o que isso significa exatamente.
"O Skype coopera com as agências de aplicação de leis tanto quanto é
jurídica e tecnicamente possível", disse um porta-voz da empresa por
e-mail. É uma afirmação que responde à questão sobre se a empresa
realmente tem a capacidade de explorar as chamadas, capacidade essa que
autoridades podem solicitar segundo termos da U.S. Communications
Assistance for Law Enforcement Act (CALEA) - lei americana que exige
que operadoras de telecomunicações e
fabricantes de equipamentos projetem seus serviços de modo que seja
possível realizar o monitoramento eletrônico por agências federais.
Perguntado por que a empresa não vai dar uma resposta simples, o
porta-voz responde: "Essa é a posição da empresa. Você tem nossas
declarações. Isso é tudo que posso dizer."
Suspeitas de que o Skype poderia ter meios para espionar as chamadas
surgiram quando a Microsoft emitiu uma patente, no início deste ano,
sobre interceptação legal, a qual se "referem a silenciosamente gravar
comunicações." Isto é feito por meio de modificação nas solicitações de
chamadas, de modo que as configurações de comunicações incluam um
mecanismo de gravação.
Além da questão de uma tecnologia de espionagem, a eficácia da
segurança do Skype também está sendo questionada. Antes de a Microsoft
comprá-lo no ano passado por 8,5 bilhões de dólares, o Skype foi
conhecido por ter sua política de segurança não muito clara. A empresa
não revelaria nada sobre a criptografia que utiliza, e governos exigiram
que o Skype tornasse possível para eles escutar as chamadas
criptografadas - que é a situação atual.
Um relatório do ano passado diz que o governo egípcio tinha a
capacidade de escutar as chamadas do Skype feitas por dissidentes
durante a revolta ocorrida em 2010. Não está claro se o governo quebrou a
segurança do Skype ou se instalou um malware em computadores da
companhia para capturar chamadas enquanto eram reproduzidas sem
criptografia em alto-falantes ou por microfones.
Como conseqüência, a Electronic Frontier Foundation (EFF) aconselha
evitar o uso do Skype, levando em consideração que a segurança é
essencial e conteúdo deveria permanecer privado. "Neste ponto somos
altamente contra a utilização do Skype", disse o diretor de projetos
técnico na EFF, Peter Eckersley.
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